terça-feira, 27 de setembro de 2011

Acampando em Maligne Lake

Bem pessoal, fiquei um bom tempo sem escrever, mas é que no verão a gente fica sem tempo mesmo. Mas este post vai compensar.

Primeiro o amigo me convidou para ir acampar dizendo que ela estava na fila de espera e que tinham aparecido a vaga para ir a este camping. É considerado pelas revistas especializadas como um dos melhores camping selvagens do mundo. Eu não podia deixar a oportunidade passar. Eu já tinha ido no Maligne Lake com a família e fizemos o passeio de barco. Coisa de cinema. O lugar é muito bonito. Já sabia que acampando poderia ver as coisas mais de perto.

Este camping é muito concorrido e só pode fazer reserva por por duas noites. Eu estava tão excitado com a idéia que nem perguntei muito detalhes. Ele só disse que a única forma de chegar ao camping spot era de canoa, mas que ele já tinha a canoa e todos os equipamentos necessários e eu só precisava comprar o saco de dormir. A coisa foi de última hora e a previsão do tempo era de fazer -5 graus celsius a noite.

A nossa reserva era para quinta e sexta. Como o Maligne Lake fica a uns 300Km de Edmonton saímos na quarta feira para dormir num camping perto e na quinta-feira pela manhã ir para o Maligne Lake.

No caminho ele foi me falando os detalhes e eu fui ficando por dentro do que tinha me metido. Teríamos que remar 22KM para chegar no camping: Coronet Creek. Aqui tem um link para uma imagem do lago: http://www.pc.gc.ca/eng/pn-np/ab/jasper/visit/visit37a.aspx. Literalmente fomos de uma ponta do lago a outra.

Outro detalhe é que não dormiríamos em barracas e sim em Hammock (uma rede com cobertura). É como se fosse uma banana, onde temos que entrar pelo fundo, de costas para depois entrar no saco de dormir.

Não vou escrever como foi a ida ou volta, mas pelas fotos abaixo dá para ter uma boa idéia.

O camping é bem rústico, tendo apenas uns armários na entrada, 4 mesas médias com fireplace cada uma, um banheiro a céu aberto e uma área afastada, uns 50 metros, para as barracas. O detalhe é que os armários tem umas travas que evitar os animais abrirem. E logo na chegada tem uma placa dizendo tudo o que devemos deixarnos armários. Resumindo, para as áreas das barracas só pode ir a pessoa e água. Não pode ter nada que tenha cheiro de comida ou adocidado, por exemplo: batom, pasta de dente, tinha a óleo, ... Por que caso contrário a pessoa terá visitas no meio da noite farejando a comida. E a área é cheia de ursos e principalmente os famosos Grizzly.

A remanda foi mais fácil que pensei e fizemos em 5.5 horas, pois pegamos vento contra toda a ida. A volta fizemos em 4 horas por que pegamos o vento ajudando :)

No camping só pode ter 20 pessoas por vez e o pessoal que encontramos lá foi muito gente fina. Todos com bastante experiência neste tipo de camping. Todos já estavam acostumados com os animais da redondeza: Alces(Elk and Moose), viados (Dee), porco espinho, leão da montanha (Cougar) e ursos (pretos e Grizzly). Eu era o único estrangeiro e sem experiência.

Começamos a remar na quinta as 8 horas da manhã e chegamos no camping ground 13:30. Assim que chegamos no camping tinha um Dee em frente ao local que desembarcamos e o amigo disse que era um bom sinal, pois dizem que onde tem Dee assim de bobeira é porque não tem ursos.

A próximas horas foram para organizar as coisas. Colocar uma lona cobrindo a mesa, arrumar as coisas no armário e preparar as redes de dormir. Além de ir pegar madeira para manter fogo durante a noite. Conseguimos pegar uma boa quantidade de madeira e o amigo disse que já seria suficiente para os dois dias. Mas assim que estavamos voltando. O clima mudou completamente. Uma coisa engraçada de estar no meio de duas montanhas é que não temos como ver mudança de clima. Em menos de 10 minutos o céu estava bem escuro e formou a maior tempestade. Por sorte colocamos a cobertura em cima do fireplace e podemos ficar até tarde da noite protegido da chuva e do frio.

Umas 22 horas fomos dormir e a primeira noite foi uma aventura, primeiro por que entrar na tal rede é mais complicado do que eu podia imagina, pois não temos nenhum apoio. Entrar até que foi fácil, mas estando lá dentro, entrar no saco de dormir que não foi brincadeira. Lembrando que o pau tava quebrando la fora, chuva pesada mesmo, o vento balançando as árvores e a rede. Levei vinte minutos para entrar e quando fui procurar o zip para fechar, percebi que o saco estava de cabeça para baixo. Estava tão cansado que resolvi domir daquele jeito mesmo. Dormir não foi problema, mesmo estando morrendo de medo o cansaço falou mais alto e logo dormir. O problema foi que a cobertura da barraca ficou muito próxima da rede e meu pé fez contato com a cobertura. Assim a água começou a escorrerpara dentro do saco de dormir e eu acordei com os pés todo molhado e morrendo de frio. Neste momento começei a sentir uma claustrofobia também e comecei a ficar desesperado, pois não tinha me secar. O tempo todo tínhamos uma lanterna cabeça e eu podia ver a água escorrendo para dentro da barraca. Pensei em sair e levar o saco de dormir para a área das mesas, pois tinha uma boa cobertura lá, mas lembrei que o pessoal tinha me mostrado pegadas de animais lá da noite anterior.

Sair da rede para respirar melhor e acabei ficando mais assustado ainda, pois a minha rede estava afastada das outras barracas e a cordas tinham cedido um pouco e a parte de baixo da rede estava quase topando no chão alagado. No desespero dei uma apertada e melhorou um pouco, subindo mais um palmo. Mas o desepero continuou. Para completar deu dor de barriga. O banheiro ficava a uns 70 metros da barraca e imagine ir sozinho, no breu, numa tempestada para fazer o número dois. Juro que pensei várias vezes em fazer ao lado da barraca mesmo. Uma coisa que esqueci é que na ida passamos por um camping chamado Pokahontas o qual estava interditado por ataques que Cougar. Neste site podemos ver a notícia: http://www.pc.gc.ca/pn-np/ab/jasper/visit/visit2.aspx.
E as pessoas no camping diziam não tenha medo de urso, o mais perigoso são os Cougars, pois eles atacam quem está sozinho e principalmente a noite. Juntei toda a coragem que tinha e fui cagar, peguei o spray de urso e faca de pesca (se não tivesse o spray com certeza teria cagado ao lado da barraca mesmo). A caminhada até o banheiro foi sinistra, pois com a laterna na cebeça e andando no meio das ávores só me lembrava dos filmes de terror. O caminho até o banheiro era demarcado por cordas e indicadores florescentes. O baheiro era um elevado sem portas por paredes. Sentado no trono a céu aberto ainda tomeu vários sustos com esquilos que mais pareciam fantasmas de tão rápido, pois quando a chuva diminua, eu podia escutar o barulho, mas quando olhiva eles não estavam mais lá, só as folhas e galhos mexendo. Acabado o serviço, voltei bem rápido para a rede.

O problema é que tive que passar o resto da noite de lado e suportando o peso do corpo para não ficar molhado e acabei passando a noite quase toda acordado.

O segundo dia, quando acordei o pessoal das outras barracas já tinham ido embora e ficamos sozinho no camping. Fomos fazer uma caminhada para um local onde o pessoal faz alpinismo e foram 6 KM por uma trilha muito bonita, mesmo morrendo de medo dos ursos e cougar deu para aproveitar bastante, pois o lugar é como um sonho. A caminhada era entre duas montanhas cobertas com gelo e o caminho era cheio de cachoeira e riachos. No início o clima estava bom, mas a caminhada foi sempre subindo e chegamos num ponto coberto por neve e começou a nevar forte. Esta parte da montanha fica com neve todo o ano, inclusive no inverno. Durante a caminhada podíamos ver as trilhas de Deers, a qual é bem diferente das de humanos, pois é bem fininha. E era comum ouvir e sentir algo pesado andando no meio das árvores um pouco distante, eu estava com o spray de de urso o tempo todo na mão. Vimos pegadas e cocô de urso.

Depois da caminhada, como o clima estava bom deu para pescar um bocado e foi ai que tomei o maior susto, pois ouvimos um rugido ecoando pelo vale, mas por nossa sorte eram ursos que estavam do outro lado do lago. Até esse momento só tínhamos nós no camping. Depois do meio dia chegaram mais umas 12 pessoas em 5 canoas e caiaques. O pessoal era quase profissional a julgar pela equipamento e agilidade com que eles arrumaram as coisas. Na segunda noite, o clima estava uma maravilha, sem chuva ou vento e não tão frio, tava fazendo +5 celcius. Fomos dormir bem tarde conversando com o pessoal ao redor da fogueira e ouvi muita estória e dicas de como proceder em campings como estes. O problema para domir na segunda noite foi o pavr causado por tudo tipo de ruído que ouvia. Eu pude ouvir claramente um animal andando perto da rede e imaginei que fosse o nosso amigo Dee, depois uma barulho estranho de um bicho batendo a boca e meu amigo disse no outro dia que era um porco espinho, mas acabei dormindo bem.

No outro dia, logo pela manhã, arrumamos tudo e fomos embora. Nests camping você precisa levar de voltar tudo que trouxe, inclusive lixo e queimar todo o resto de comida. Um último detalhe é que quando fomos pegar madeira para queimar o resto das coisas, dois caras que estava voltando disseram que tinha um urso ao redor do camping para que nós não ficassemos assutados, pois normalmente eles ameaçam correr atrás da pessoa e param, se a pessoa demonstrar medo e correr, ele vê que é uma presa e corre atrás, detalhes que os Grizzles corre até 60 Km/h, mas se a pessoa ficar e fizer barulho ele da meia volta e vai embora.

A volta foi astral, pois por algumas horas o lago estava coberto de neblina. Outro detalhe é que a temperatura da água do lago é torno de5 graus e devemos ir perto das bordas, pois se acontecer algo uma pessoa normalmente só consegue nadar por 3 minutos antes de paralizar as pernas nesta tempratura. A profundindade máxima do lago são 95 metros.

Foi uma aventura inesquecível.

FOTOS ------> O link para o álbum de fotos